Tradicionalmente, o domingo de Micareta é dedicado às crianças, que começam a chegar no Circuito Maneca Ferreira logo cedo. Além dos dois blocos direcionados aos pequenos – o Zerinho e o Esponjinha, milhares são vistos como “pipoquinhas”, os foliões do futuro, brincando atrás dos trios. Muitos têm um campo de visão da festa privilegiado: os ombros dos pais, tios ou parentes, que os levam para ver e participar da festa.
Nem as limitações físicas os impedem de participar da Micareta. Aos 12 anos, Kléber dos Santos é cadeirante. Mas foi um dos milhares de foliões do futuro que se divertiram no Zerinho. “Gosto muito da micareta, porque aqui a gente se diverte muito. É bom demais”. A sua cadeira era pilotada pelo pai dele, Zezito dos Santos, que mais uma vez atendeu aos pedidos do pré-adolescente. “Ele gosta e eu também”.
Outros nem se importaram com a multidão à sua volta. Uma criança com pouco mais de dois anos que estava no bloco Tracajá, com a mãe, “exigiu” o peito no meio da avenida. A mulher não demorou a atender ao desejo do pequeníssimo folião. Depois da mamada, uma soneca, alheio ao barulho dos trios. Afinal, “brincar” atrás do trio cansa e gasta energia. Daí a necessidade do reabastecimento.
Para a dona de casa Socorro Magalhães, o gosto pela micareta começa ainda nos primeiros anos de vida. “Lembro que quando criança minha mãe trazia a gente para ver a festa e o mesmo estou fazendo com os meus filhos”. Diz que toma algumas precauções, principalmente no tocante à segurança, mesmo sabendo que a tarde e o início da noite de domingo a avenida é das crianças.
Leda dos Santos observa o filho Thiago “quebrar” com desenvoltura. “Dançar é bom”, atesta o pequeno, de oito anos. “Melhor ainda é ele crescer gostando da micareta, porque se não for assim a festa tende a perder a importância”, comenta a mãe do garoto. “Com certeza no próximo ano a gente vai estar aqui novamente”.
Fotos: Silvio Tito.
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